Recebemos do Sr. Rui Silva, um pedido de divulgação do
Jantar da Lampreia a realizar no dia 27 de Março, pelas 20:30 horas, no salão Mocidade Futebol Clube, Cheira - Penacova.
Contactos:
93 3165071 / 96 5663444
15 €
Também do Sr. Vítor Pimenta recebemos a seguinte notícia:
" A Associação Recreativa de S. Miguel organiza em conjunto com a Fundação INATEL o Campeonato Distrital de Estrada em Atletismo da F. INATEL - Agência de Coimbra, contando com os serviços da Associação Distrital de Atletismo de Coimbra.
Em complemento será realizado o Grande Prémio Jovem de Vila Nova de Poiares."
Data: 14 de Março . Local: Zona Ind. de S. Miguel . Inscrições até dia 11 para o 239 853 380
“Penacova, o Mondego e a Lampreia” é o título do livro, da autoria de Fernando Correia, da Pampilhosa, e de Carlos Fonseca, de Penacova, que foi apresentado, no domingo, em Penacova
Depois de uma obra dedicada aos javalis, eis que esta dupla de biólogos dão à estampa novo livro, desta vez dedicado à lampreia, com o apoio da Câmara Municipal de Penacova.
Ao longo das suas cerca de 300 páginas, o livro oferece-nos uma caracterização do concelho de Penacova, aborda o património natural do Mondego, a evolução da lampreia em Portugal, os factores de ameaça e conservação, incluindo ainda algumas receitas gastronómicas feitas à base desta apreciada iguaria, nomeadamente do Chefe Hélio Loureiro.
Na cerimónia de lançamento do livro, o presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, mostrou-se satisfeito com o apoio do município à obra que “vem defender dois dos maiores ícones do concelho de Penacova”. Na opinião do edil, “esta obra vem contribuir para o conhecimento mais profundo do Rio Mondego, por um lado, enquanto por outro vem defender a maior embaixadora da gastronomia penacovense, a lampreia”.
LEIA MAIS AQUI
Estamos a celebrar o Ano Internacional da Biodiversidade. Com maior simbolismo se reveste o lançamento do livro "Penacova, o Mondego e a Lampreia".
Os Biólogos Fernando Correia e Carlos Fonseca, apresentaram, há uns anos, a ideia ao Engº Maurício Marques. A receptividade foi excelente mas o que é certo é que, os anos passaram e, só hoje, o livro veio a público. A obra ultrapassa a temática da lampreia em si e estende-se a outros aspectos como a hidrografia, a geologia, a divisão administrativa e a cultura. No fundo um excelente cartão-de-visita de Penacova.
Na sessão de apresentação estiveram presentes os investigadores Bernardo Quintella e Pedro Raposo de Almeida. Pedro Raposo referiu algumas das ameaças a que esta espécie está sujeita, como sejam, a construção de açudes, a exploração de areias e a poluição. Considerou urgente que, a seguir ao arranque das obras de construção da escada de peixe, há que pensar em intervenções nos açudes a montante, alguns dos quais no nosso concelho. O Prof. Dr. Pedro Raposo de Almeida avançou também com a ideia da criação de um Centro de Interpretação Ambiental focado na Lampreia e no Rio.
Esta obra muito bem conseguida, de grande valor científico e didáctico, “ Penacova, o Mondego e a Lampreia” vem sensibilizar para a preservação e exploração sustentada dos recursos naturais com que a Natureza “abençoou” este nosso concelho.
Fotos: em cima, da esquerda para a direita: Fernando Correia, Pedro Raposo, Humberto Oliveira e Bernardo Quintella. Em baixo: Carlos Fonseca
Da autoria dos Biólogos Fernando Correia e Carlos Fonseca ( à esq. e à d.ta da fotografia, respectivamente) esta magnífica obra, editada pelo Município de Penacova, foi hoje apresentada, pelas 12 horas no Restaurante das Piscinas. A sessão foi presidida pelo Presidente da Câmara, Dr. Humberto Oliveira, e contou com a presença de significativo número de pessoas.
Sábado
VII Capítulo da Confraria da Lampreia
09H30 Recepção nos Paços do Concelho
10H30 Espumante de honra na Pérgula Raúl Lino
11H30 Fotografia de grupo no Mirante Emygdio da Silva
Desfile de Confraria do Mirante para a Casa do Povo
12H00 Cerimónia de entronização a título póstumo de Fernando Vale.
13H30 Almoço
15H00 Animação cultural
No próximo dia 28 , pelas 12H00,
no Restaurante Marisqueira Piscinas de Penacova,
vai ser lançado o Livro "Penacova, o Mondego e a Lampreia"
da autoria de Fernando Correia e Carlos Fonseca,
editado pela Câmara Municipal de Penacova.
Teve lugar ontem, dia 07 Janeiro, a segunda reunião com os restaurantes de Penacova, que participarão no XIII Festival da Lampreia.
O evento que, em anos anteriores, se denominou Fim-de-Semana da Lampreia, em 2010, e por acordo dos restaurantes aderentes, passa a designar-se "Festival da Lampreia", dado o carácter nacional e internacional do evento.
A edição de 2010 do Festival da Lampreia traz ainda uma novidade de carácter solidário. Depois de discutido o assunto com os restaurantes, e de mútuo acordo, fica estabelecido que cada restaurante doará 1 Euro por cada refeição servida. A soma reunida no final do Festival da Lampreia reverterá sempre a favor de uma instituição de solidariedade social ou uma instituição de utilidade pública do Concelho. Na edição de 2010 a verba reverterá a favor dos Bombeiros Voluntários de Penacova.
Vamos acreditar que é mesmo desta vez. O assunto como todos sabemos tem a ver com Penacova e com a sua afamada lampreia . Basta pesquisar a etiqueta ( tag) " escada de peixe" neste blogue e verificar como tem sido a luta por esta obra e como as promessas têm vindo a suceder-se...
O Diário de Coimbra noticiou:
Escada de peixes
A empreitada da construção da nova escada de peixes no Açude-Ponte deverá começar, segundo avançou, ontem, Carlos Encarnação, «em Fevereiro». No início da reunião do executivo municipal, o presidente da Câmara de Coimbra deu conhecimento de uma missiva, datada de 22 de Dezembro de 2009, do Instituto da Água, segundo a qual está assinado o contrato de construção da nova escada de peixes, assim como está em condições de proceder à consignação da obra.
Fonte: Diário As Beiras
Entre 20 e 24 de Fevereiro, a Câmara Municipal de Penacova promove o XII Fim de Semana da Lampreia. Deixe-se surpreender pela singularidade de uma especialidade gastronómica única, o Arroz de Lampreia à Moda de Penacova, e desfrute gratuitamente os sabores delicados das Nevadas e dos Pastéis de Lorvão, uma cortesia da Câmara Municipal.
O EVENTO NA IMPRENSA REGIONAL:
Penacova
Apetite pela lampreia faz esquecer a crise
A economia desfavorável toca menos a quem mais pode, razão pela qual a autarquia de Penacova espera mais visitantes na edição deste ano do “Fim-de-Semana da Lampreia”
Com cinco dias de duração, aproveitando a coincidência de datas com o Carnaval, o “XII Fim--de-Semana da Lampreia” inicia-se amanhã e só termina na próxima terça-feira, almejando atingir a meta de 10 mil comensais à mesa dos 12 restaurantes que participam no certame.
O presidente da Câmara de Penacova salientou ontem, no acto de apresentação do evento à imprensa, que se trata de uma iniciativa que «teve sucesso desde o primeiro ano», frisando ainda que o número de visitantes tem crescido ao longo dos últimos 12 anos.
Não esquecendo a crise económica, Maurício Marques enfatizou que, tratando-se de um prato que não está, normalmente, ao alcance de todas as bolsas, «também é verdade que esta faz-se sentir menos junto dos mais abonados», razão pela qual espera ultrapassar, o ano anterior, adiantando que espera a visita de cerca de 10 mil apreciadores do arroz de lampreia “À Moda de Penacova”.
Também é verdade que o afluxo do afamado animal ao Mondego superou as expectativas, pelo que este ano, durante os cinco dias de certame, o preço, normalmente mais baixo do que o habitual, sofreu ainda reduções, custando, nos restaurantes aderentes, 50 euros uma lampreia inteira e 15 euros a dose.
A este facto não são alheias as chuvas abundantes que, à semelhança do ano de cheias de 2001, permitiram grandes caudais no Mondego, possibilitando às lampreias ultrapassarem barreiras artificiais como o açude-ponte, em Coimbra.
Na conferência de imprensa, Maurício Marques teve oportunidade para lembrar, mais uma vez, que, como “Fim-de-Semana da Lampreia”, foi possível criar condições de maior exigência nos restaurantes do concelho, assim como recuperar a produção dos doces de origem conventual, nomeadamente o “Pastel de Lorvão” e a “Nevada de Penacova”.
«Estou convencido de que, senão fosse esta iniciativa, estas receitas teriam sido perdidas», disse o autarca, referindo ainda que, consequentemente, a procura existe durante todo o ano, fomentando já uma indústria que cria postos de trabalho.
Da mesma forma, referiu a água das “Caldas de Penacova”, por sinal, a única existente no distrito, no sentido comercial, referindo que se trata de produtos endógenos que «temos interesse em promover».
Desta forma, durante os cinco dias do evento, tanto os doces como a água, serão ofertas da Câmara Municipal de Penacova.
Colaboração pró-activa da Confraria
Maurício Marques enfatizou ainda a colaboração da Confraria da Lampreia na defesa do ciclóstomo, nomeadamente através da recolha de assinaturas que permitiu que a construção de uma escada de peixe adequada no açude-ponte viesse a ser discutida na Assembleia da República.
Agora, após anos de indiferença, foi lançado o concurso público para a construção do equipamento e o edil de Penacova teve ontem o ensejo de anunciar que a escada de peixe «vai ser uma realidade dentro em breve».
A necessidade de não deixar “morrer” a lampreia no Mondego, levou também a que a confraria encetasse várias acções no sentido de que, efectivamente, a escada de peixe pudesse ser uma realidade.
Fernanda Pimentel explicou que, dentro dos objectivos de promoção e preservação da lampreia, «a confraria dispôs-se a processar o Governo, por não defender um espécie em perigo».
Em todo o caso, a Confraria da Lampreia reivindica ter levado o nome de Penacova «de norte a sul de Portugal continental, ilhas e estrangeiro», preparando a geminação com a confraria congénere francesa, o que deverá ocorrer já em Abril.
A confreira salientou ainda que «não estão cumpridos todos os objectivos» propostos, citando, nomeadamente a necessidade de articular com os restaurantes uma escolha de vinhos mais adequada ao prato.
Fernanda Pimentel explicou que existem já contacto no sentido de que possa ser realizado um curso de prova de vinhos, com apoio de enólogos, onde os empresários poderão ganhar conhecimentos que possam valorizar qualitativamente a oferta aos exigentes clientes do arroz de lampreia.
Publicidade estendeu-se
às caixas Multibanco
O esforço de promoção desenvolvido pela autarquia de Penacova foi estendido, este ano, a novas plataformas, para além dos habituais folhetos e publicidade na imprensa.
Como ontem revelou Maurício Marques, nos distritos da região Centro, os monitores das caixas ATM (Multibanco) apresentam a propaganda ao “XII Fim-de-
-Semana da Lampreia”, algo a que atribui a reforçada afluência de público aos restaurantes do concelho, mesmo nos dois anteriores fins-
-de-semana.
Ao mesmo tempo, como ontem explicou o vereador Pedro Carpinteiro, houve um reforço de vários materiais, nomeadamente capas para ementas, no sentido de uniformizar a imagem nos restaurantes aderentes.
A revista Teleculinária de Janeiro
dedicou, no suplemento Coleccionável nº 14,
dedicado à Cozinha Regional e Confrarias,
um espaço ao concelho de Penacova.
A Confraria da Lampreia de Penacova e a receita de Lampreia à moda de Penacova estão em destaque. Ainda as receitas de Arroz de Míscaros, de Enguias e Ruivacos fritos com sopas secas, de Pastéis de Lorvão e das Nevadas de Penacova fazem parte deste destacável.
Imagens: Páginas do referido suplemento
Do Jornal de Notícias, sobre o problema da lampreia e a escada de peixe na Ponte Açude:
Pecado ambiental
francisco leong / arquivo jn
Francisco Curate, Antropólogo
Omundo e os homens são antigos. Os pecados também. Afinal, os nossos defeitos são ingénitos, naturais quase sempre a moral cede perante a vontade. Foi no séc. IV, e no Egipto, que um certo Evágrio Pôntico, monge grego, identificou e descreveu (para sua perene glória) os oito males espirituais que acometiam a humanidade e provocatoriamente vexavam e atropelavam a ordem doutrinária judaico-cristã. Quando, no séc. VI, o papa Gregório Magno tomou conhecimento da lista de Evágrio, redefiniu-a face ao cânone da Igreja de Roma. Nasciam os sete pecados capitais.
Embora naquela época as inquietações teológicas fossem bem diferentes do que são hoje, os pecados catalogados por S. Gregório sobreviveram à indeclinável rasura do tempo e permaneceram intocados no catecismo até há bem pouco tempo. Aos sete pecados canónicos, vinculados à culpa individual, a Igreja Católica acrescentou (oficiosamente) outros comportamentos pecaminosos as experiências científicas com seres humanos, a pobreza, a manipulação genética, a injustiça social, a riqueza desmedida, a toxicodependência e a poluição do ambiente.
Este último pecado é especialmente interessante. Mais que uma falha privada parece configurar uma transgressão social. Se uma instituição multissecular como a Igreja Católica demorou tanto tempo a associar as ofensas ao ambiente a uma conduta (individual ou societária, não interessa) moralmente inaceitável, não devemos ceder à perplexidade quando lemos que uma simples "escada de peixe" (uma espécie de rampa em cascata que permite aos peixes ultrapassar obstáculos artificiais motivados por construções humanas) no Açude-Ponte do Rio Mondego, em Coimbra, se conforma ao mísero estado de projecto, de esboço de papel, com 30 anos.
Um rio é um sistema biológico complexo e frágil. Um transtorno ecológico a montante tem consequências a jusante, e vice-versa. A inexistência de uma estrutura que facilite a transposição do Açude impede um grupo de espécies piscícolas, como a enguia, a lampreia, o sável ou a savelha, de subir o rio e aí prosseguirem o normal paradigma biológicos de crescimento e reprodução.
A construção do Açude-Ponte do Rio Mondego na década de 1980 impôs uma pressão pungente sobre o ciclo reprodutivo de algumas espécies de peixes. Ao prejuízo ecológico soma-se o risco de perdas económicas a gastronomia associada à lampreia, por exemplo, sustenta uma valia maior em concelhos como os de Penacova ou Montemor-o-Velho.
O deputado Miguel Almeida, do grupo parlamentar do PSD, vai apresentar um requerimento à Assembleia da República, reclamando explicações sobre o adiamento reiterado de um projecto essencial à manutenção da biodiversidade do Rio Mondego a montante da cidade de Coimbra. Em 2006, os Amigos do Mondego e Afluentes haviam feito o mesmo, sem resultados práticos. São 30 anos de esquecimento e desleixo. A incúria não é pecado, mas deveria ser.
Na crónica da passada semana ("Nem metro, nem meio metro" JN 20/03/2008) referi, por lapso, que os vereadores do PS e PCP da Câmara Municipal de Coimbra votaram contra a moção da Metro Mondego. Na realidade votaram a favor. O projecto foi reprovado com os votos de quatro elementos da coligação PSD/CDS-PP/PPM. Aos visados as minhas desculpas.
FOTO:
Foto: INAG
ESCADA DE PEIXE: Miguel Almeida apresenta requerimento ao ministério
A câmara acolheu ontem uma reunião com o deputado social-democrata Miguel Almeida para, mais uma vez, se tentar desbloquear o processo de construção da escada de peixe.
Dezenas de vezes anunciada como obra essencial para a região, a famosa escada de peixe tem sido um dos cavalos de batalha do actual presidente da câmara de Penacova. Maurício Marques, à saída da reunião, frisou mesmo que já a reclama há “onze anos”. É que, como fez questão de lembrar, a actual escada não serve os interesses destes ciclóstomos, já que nalguns casos são os guardas florestais que transportam as lampreias para montante do rio Mondego.
Miguel Almeida referiu que, numa primeira fase, irá entregar um requerimento na Assembleia da República a questionar o ministro do Ambiente sobre a data de início da construção da escada de peixe. “Todos os partidos consideraram esta uma obra prioritária. É altura dela avançar”, disse.
Aproveitando o tema, o social-democrata irá ainda apresentar outro requerimento com o objectivo de criar um grupo de trabalho para o assoreamento do rio. Uma questão “penalizadora para Coimbra e que pode vir a causar problemas de desenvolvimento turístico da cidade”. É que interessa saber “quem é que apresenta projecto e avança com a obra”, já que a construção da escada de peixe será paga na íntegra pela “dragagem da areia do rio”. Desta forma, irá ser também enviada uma carta sobre este tema para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
Refira-se que a construção da ponte-açude, nos anos 80, transformou-se num obstáculo para a subida de várias espécies piscícolas nas águas do rio Mondego. Entre elas, destacam-se a lampreia, a enguia, o sável e a savelha que utilizam o Mondego e os seus afluentes como local de reprodução ou de crescimento. A escada de peixe consistirá numa rampa em cascata, com tanques de água, que permita aos peixes ultrapassar o açude e subir o rio para desovar e crescer.
In Diário AS BEIRAS, 18 Março
( texto destacado a bold da nossa responsabilidade)
Por esta altura assistimos na nossa região a diversos festivais gastronómicos em que a lampreia terá lugar central. Este fim de semana são esperadas mais de 7000 pessoas em Penacova, no próximo será a vez do Festival do Arroz em Montemor-o-Velho, em que a famosa iguaria tem também destaque.
Amanhã termina o Festival Gastronómico de Caça e Pesca da Lousã. Um pouco por todo o país, sucedem-se as feiras de Enchidos e de Fumeiro. Em Janeiro já tivemos o Festival da Chanfana, em Vila Nova de Poiares. Mais lá para o Verão aparecem os festivais de marisco.
Esta é uma pálida amostra da vivência de um país de grande riqueza e diversidade cultural que se expressa numa gastronomia ímpar da qual nos orgulhamos como povo e que têm nos produtos tradicionais, a marca distintiva da sua diferença e da sua qualidade, país felizmente apegado à sua tradição, embora cada vez mais pressionado a ceder, pelos grandes interesses económicos.
Grandes interesses que encontraram fiéis aliados nas instituições do poder, seja a partir dos ditames da União Europeia, seja nos órgãos de poder nacional, cada vez mais afastados da vida, do sentimento e das aspirações das populações.
Os produtos regionais são hoje, particularmente para aquelas regiões que enfrentam graves problemas de desertificação e declínio económico e social em função de uma política que subalternizou o mundo rural e o seu principal suporte de vida - a agricultura -, um dos últimos redutos para garantir um modo de vidas das suas populações.
Os produtos regionais, que são uma das marcas da nossa identidade como povo, são não só um património cultural que é necessário defender e valorizar, como são um suporte complementar à viabilização do que resta da nossa agricultura e do mundo rural, mas também de muitas comunidades ribeirinhas que fazem da transformação dos produtos da pesca um complemento às suas actividades no mar ou no rio. Sabemos que os produtos regionais não são a panaceia para todos os males da nossa economia regional, mas não apagamos o seu contributo para o desenvolvimento económico e social de pequenas comunidades.
Ora se pegarmos no exemplo da lampreia e destes festivais, teremos que referenciar os homens que, de madrugada vão lançar as redes ao rio na esperança de sair alguma. Aqueles que, vivendo no fio da navalha, encontram nestas espécies uma tábua de salvação para os magros orçamentos. Que respostas terá para dar, o dono de um restaurante que adquire a lampreia a estes homens, se um agente da ASAE, cumprindo escrupulosamente os regulamentos da União Europeia, que o Governo português não regulamentou, lhe perguntar pelas guias, pelo controle disto e daquilo, pelos 300 documentos que teriam que acompanhar um simples ciclóstomo? Perdão, o Governo até regulamentou, mas apenas nos aspectos das sanções a aplicar, acriticamente, sem acautelar as especificidades regionais.
Não está aqui em causa a necessidade de salvaguardar aspectos essenciais da higiene e segurança alimentar. Mas convenhamos que a inoperância de quem, ao serviço dos grandes interesses agro-alimentares, não previu as excepções para os produtos tradicionais, e o excesso de zelo de quem aplica a lei a régua e esquadra, põem em causa a sobrevivência destas tradições e das próprias comunidades.
João Frazão escreve no JN, semanalmente, ao sábado
jfrazao@pcp.pt
O Fim - de - Semana
da Lampreia ,
além de trazer
muitos
visitantes a Penacova,
traz também às páginas dos
jornais e, por vezes,
aos écrans de televisão, notícias de Penacova,
notícias da sua Confraria da Lampreia, notícias da sua gastronomia e cultura...
Hoje e amanhã decorre este importante evento.
Dos jornais DIÁRIO AS BEIRAS, DIÁRIO DE COIMBRA E CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS, transcrevemos :
Gastronomia é alavanca para a revitalização de Penacova
É impossível falar do concelho de Penacova sem que se dê o devido destaque à lampreia à moda das suas gentes. Ex-libris e manifestação última da tradição gastronómica aliada à história e ao património cultural de um povo e de uma região, o afamado ciclóstomo é pretexto para o XI Fim-de-Semana da Lampreia, certame que, a partir de amanhã e até ao próximo domingo promete colocar Penacova no roteiro de muita gente que se move pelos prazeres da boa mesa.
Dizem os apreciadores – e o palato dos mesmos – que o ciclóstomo não tem rival à altura. Confiando que quem gosta não dispensará mais uma oportunidade de (a)provar a iguaria e que quem (ainda) não aprecia pode sempre aprender a gostar, o Município de Penacova reitera a aposta na lampreia confeccionada nos moldes da gastronomia local para dar mais visibilidade ao concelho enquanto destino turístico e, simultaneamente, contribuir para dinamizar o tecido empresarial ligado aos sectores da restauração e hotelaria.
Considerada iguaria fina – estatuto aliás confirmado pelo preço elevado a que é normalmente comercializada – a lampreia à moda de Penacova é uma especialidade gastronómica que todos os anos atrai comensais oriundos dos mais variados pontos do país. O sucesso está patente, desde logo, pelo número de visitantes que têm vindo a ser registados, sucessivamente, desde a primeira edição. Em 2007, aquando da X Semana da Lampreia, ao longo dos três dias em que decorreu o certame, estiveram presentes nos restaurantes de Penacova mais de 7.000 comensais. Com expectativa renovada, a organização acredita que este é um número que pode ser superado nos próximos dias.
Edição após edição, há mais de uma década que milhares de apreciadores da cozinha tradicional aguardam com expectativa o fim-de-semana que o Município de Penacova dedica à boa mesa, com uma ementa onde também primam os doces conventuais mas onde a lampreia assume, por direito próprio, o lugar de destaque.
Parte essencial – se não imprescindível – na realização do XI Fim-de-semana da Lampreia, os empresários da restauração e hotelaria têm mostrado estar à altura do desafio lançado pela autarquia. Este ano, o Município conta com a colaboração de treze restaurantes espalhados pelo concelho, designadamente, o Boa Viagem (em Porto da Raiva), Casimiro (Silveirinho), Cortiço (Cavadinha), Côta (Azenha do Rio), Mondego (Porto da Raiva), Panorâmico (Penacova), Piscinas de Penacova (Penacova), Pensão Avenida (Penacova), Relvão (Relvão), Portas da Serra (Espinheira), C. T. Serra da Atalhada (Serra da Atalhada) e Primavera (Vila Nova), locais onde a lampreia é “rainha e senhora” na cozinha, nas ementas e no prato.
Reiterando a “aposta do Município na promoção do concelho de Penacova ao nível do turismo, divulgando a sua gastronomia, as sua belezas naturais e o património histórico-cultural”, Maurício Marques, presidente da Câmara Municipal garante que o resultado de uma década de promoção em torno do Fim-de-Semana da Lampreia pode ser constatado nos “milhares de pessoas que se deslocam a Penacova para degustar o saboroso prato”.
Para o edil, o sucesso do certame “pode avaliar-se quer pelo número crescente de visitantes quer pela adesão dos restaurantes do concelho, que têm vindo a apostar cada vez mais na sua própria renovação e na qualidade”. Nesse sentido, prestes a cumprir aquela que será a décima edição, para além do impacto imediato que esta iniciativa gera no concelho, contribuindo para afirmar e divulgar Penacova enquanto destino turístico, Maurício Marques destaca “a revitalização do tecido empresarial associado aos sectores da restauração e hotelaria, a par da recuperação das tradições, designadamente, a doçaria conventual”. O esforço do Município passa ainda por divulgar um conjunto de iniciativas que têm vindo a ser implementadas e que têm como objectivo potenciar as unidades de hotelaria do concelho, promover a recuperação de casas para turismo rural e, simultaneamente, tornar do conhecimento dos portugueses as magnificas paisagens naturais proporcionadas pelo vale do rio Mondego. É desta forma que, a partir de amanhã e até domingo, Penacova convida desfrutar da paisagens através dos seus miradouros, a conhecer e adquirir o artesanato local, a visitar os monumentos do concelho ou, muito simplesmente, fazer a delícia de quem a visita para provar a lampreia e saborear a doçaria conventual.
Escada de peixe Mondego continua em falta
Há mais de uma década que o Município de Penacova, a Confraria da Lampreia e todos aqueles que apreciam o ciclóstomo defendem a construção de uma escada de peixe na açude-ponte, em Coimbra, uma vez que a inexistência de um corredor impede que a lampreia suba o rio para desovar no seu habitat natural, em Penacova.
Numa acção conjunta, a autarquia, a confraria e a Associação do Mondego e Afluentes fizeram chegar à Assembleia da República (AR) uma petição com mais de 4.500 assinaturas, alertando para este problema. O assunto foi discutido no ano passado e embora o resultado tenha sido uma recomendação unânime para que o Governo avance com a obra, incluindo-a em PIDAC, até à data nada foi feito.
“A manter-se esta situação, vamos assistir à extinção da lampreia daqui a poucos anos e o Estado é o culpado dessa situação”, alerta Estácio Flórido, confrade-mor da Confraria Gastronómica da Lampreia de Penacova. Com a obra da escada de peixe a ser sucessivamente adiada, a esperança de que se torne uma realidade nos próximos tempos é cada vez menor.
Depois da posição inequívoca da AR que, até à data, se revelou infrutífera, Estácio Flórido revelou ao nosso Jornal que, caso não surjam desenvolvimentos nos próximos meses, não restará outra alternativa senão recorrer à via judicial “para fazer com que o Estado concretize aquilo que anda a adiar há anos por falta de vontade política”, interpondo uma acção judicial contra o Estado português por delapidação do património piscícola.
Apesar de “solidário” com a acção da Confraria da Lampreia e com todos os esforços que visem desbloquear a problemática associada à barreira do açude-ponte, Maurício Marques admite que o recurso aos tribunais, no caso do Município de Penacova, teria sempre de passar por uma posição acordada com a Câmara de Coimbra, uma vez que é nesta cidade que está localizada obra.
Anseio das populações há várias décadas e visto como uma necessidade cada vez mais urgente por aqueles que estimam e pretendem a preservação da lampreia e outras espécies piscícolas do Mondego, a escada do peixe do açude ponte tem projecto elaborado e já monitorizado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Ainda assim a obra ainda não passou do papel. Maurício Marques admite que “para além das dificuldades financeiras que todos reconhecem, também tem faltado vontade política para dar corpo a este projecto”.
Animação na zona histórica da vila e no Mosteiro do Lorvão -Propostas de lazer vão além do apelo gastronómico
Embora o festival gastronómico associado à lampreia se afigure como a principal razão para visitar Penacova nos próximos dias, há outros motivos que justificam e convidam à descoberta deste concelho da região Centro.
Consciente de que o apelo gastronómico – leia-se, a lampreia no prato – poderá não bastar para convencer toda a família a visitar Penacova, no sábado e no domingo, o Município preparou no centro histórico da vila uma mostra de produtos tradicionais animada por uma feira à moda antiga e uma rota de sabores e saberes que pretende divulgar a doçaria conventual, o artesanato e os produtos endógenos da região.
Constituindo um feliz casamento de eventos, este ano o XI Fim-de-Semana da Lampreia coincide, no sábado, quer com a realização do V Capítulo da Confraria da Lampreia de Penacova quer com a jornada das Montarias do Centro, acção que a Região de Turismo do Centro promove na freguesia de S. Pedro de Alva, mais concretamente, na mancha do Lagar do Meio.
A um diversificado cartaz que, de forma bem convincente, faz a apologia do que de melhor o concelho de Penacova tem para oferecer aos visitantes, convém ainda mencionar a recriação de uma feira à moda antiga (com recriação histórica do séc. XIX) e os espectáculos musicais que decorrem ao longo do fim-de-semana na Pérgola Raúl Lino, com a participação do Rancho Folclórico de Penacova e do Rancho Típico de Miro “Os Barqueiros do Mondego”; e ainda o concerto que a Orquestra de Sopros do Conservatório de Música de Coimbra irá dar no Mosteiro do Lorvão, no domingo ao fim da tarde.
Geraldo Barros
Campeão das Províncias, 20-Fev-2008
PENACOVA - Fim-de-semana cheio de saberes e sabores para descobrir
Lampreia... para mais de sete mil visitantes
Lampreia, doces conventuais, a rota dos saberes e dos sabores e o V Capítulo da Confraria são os pratos principais da ementa a servir no fim-de-semana, em Penacova.
São 13 os restaurantes aderentes ao fim-de-semana da lampreia, em Penacova. Uma iniciativa da câmara de promoção cultural e turística que aposta, fundamentalmente, na gastronomia e, dentro desta, na divulgação da lampreia e dos doces conventuais. É claro que a "rainha" da mesa vai ser a lampreia a 20 euros. Mas quem não gostar pode ir na mesma pois encontrará muitos outros sabores – tradicionais ou não – para saborear... e para voltar. Até porque, durante o fim-de--semana serão sorteadas refeições e um fim-de-semana para um casal em cada um dos restaurantes aderentes.
Maurício Marques é um autarca confiante no sucesso. Reconhecendo que o fim--de-semana da lampreia já ocupa um espaço próprio dentro dos eventos regionais e nacionais de promoção da gastronomia, o presidente da Câmara de Penacova admitiu que são esperados cerca de sete mil visitantes durante os dois dias. Apreciadores de lampreia, sem dúvida, mas também verdadeiros "amantes" das belas paisagens, de bons vinhos, de deliciosos doces e de produtos artesanais que perpetuam a ligação da vila ao Mondego. Exemplos que podem ser admirados e adquiridos durante estes dois dias, quer nos estabelecimentos locais que vão estar de portas abertas, quer na rota Saberes & Sabores que vai funcionar também durante o fim-de-semana.
De acordo com Pedro Carpinteiro, trata-se de uma iniciativa que pretende dar mais animação às ruas comerciais do centro da vila por onde vai passar o desfile da Confraria da Lampreia.
"No âmbito de uma candidatura que tem a ver com o Urbcom, lançámos o repto aos comerciantes instalados nas ruas do centro onde se concentra maior densidade de lojas para que mantivessem as suas portas abertas e contribuíssem para o sucesso da iniciativa", explicou, adiantando que a resposta foi bastante positiva. A autarquia também quis dar um (bom) exemplo e decidiu colocar algumas barraquinhas em vários locais estratégicos promovendo o artesanato ligado ao rio, em particular, os produtos feitos em madeira... mas não só.
"Procuramos criar uma área territorial onde haja animação própria para acolher a beleza do desfile da Confraria da Lampreia", reforçou, destacando a actuação dos ranchos folclóricos e de pequenas encenações ao longo das ruas sobre lendas e histórias de Penacova.
E quem quiser partir à descoberta da vila e do concelho de Penacova pode informar-se antes de sair de casa através do endereço www.maispenacova.com.
Ainda no âmbito da candidatura ao Urbcom, Pedro Carpinteiro apontou a preocupação da autarquia na elaboração de uma ementa que pode ser utilizada por todos os restaurantes do concelho e durante todo o ano.
"Sem dúvida, um sinal de afirmação de modernidade e de qualidade no concelho", reforçou, a propósito, Maurício Marques.
Arroz...só do Baixo Mondego
Interessado em colocar à mesa de todos os portugueses, e muito em especial os da região Centro, o arroz do Baixo Mondego, Carlos Laranjeira confessou que "com escada ou sem escada no Açude-Ponte, a lampreia de Penacova é da melhor que há". "Eu vi, o cuidado com que os restaurantes de Penacova tratam a lampreia fazendo-a passar o martírio que ela vivia no tempo em que conseguia subir o rio até acima de Penacova", contou, adiantando que o Vale do Mondego tem a "obrigação" de levar bom arroz até aos concelhos que lhe deram o "bom alavião".
É verdade que, um número significativo de jovens leitores não saberão do que Carlos Laranjeira fala, tal como não sabem das riquezas e do valor do campo. Para inverter essa situação, a Associação dos Agricultores do Vale do Mondego decidiu lançar um desafio às câmaras da região no sentido de permitirem que as crianças dos seus concelhos possam partir à descoberta do mundo rural. Para isso, basta que as autarquias cedam os autocarros.
Embalado pelo entusiasmo que lhe é característico – em especial quando se fala de arroz... e do Vale do Mondego – Carlos Laranjeira ofereceu a Maurício Marques livros "Sabores e saberes do arroz do Baixo Mondego" e "As aventuras de um bago de arroz" para que as crianças da serra... conheçam a riqueza do vale.
E mais. Inspirado pelo desafio da vice-presidente da Confraria da Lampreia feito à autarquia para que faça um filme sobre as gentes, as tradições, as belezas, as riqueza, as águas e o capítulo da confraria, Carlos Laranjeira prometeu fazer um filme – de novo com o apoio da Saludães – sobre a cultura do arroz para que possa circular pelas histórias.
Cá em baixo, nas ruas, os elementos das confrarias irão distribuir rosas brancas e azuis a todas as mulheres que sábado escolherem Penacova para descobrirem o valor das tradições portuguesas.
Terminado o desfile, as confrarias e os seus convidados seguirão para a Quinta da Nora (em Miro) para o repasto.
"A Confraria da Lampreia de Penacova já participou em mais de 80 capítulos", começou por dizer Manuel Flórido, sublinhando que "é a primeira vez que o capítulo se integra no fim-de-semana da lampreia". Uma iniciativa aplaudida por todos os intervenientes, uma vez que se trata de "juntar sinergias na promoção de uma das mais importantes riquezas do concelho de Penacova".
Manuel Flórido sublinhou o facto de a Confraria ser um trabalho voluntário – "e muitas vezes nem toda a gente o faz" – para explicar o andamento às vezes lento de muitos dos projectos que vão abraçando. Um deles é, por exemplo, o processo de geminação com a Confraria francesa onde existem "as pessoas que mais conhecem a lampreia". "Acredito que durante o ano de 2009 seja possível concretizar esse processo de geminação que muito conhecimento nos vai garantir", afirmou.
Mas segundo Manuel Flórido, a actividade da Confraria da Lampreia não se reduz à realização dos capítulos. De entre outros projectos, o confrade-mor destacou a petição que foi entregue à Assembleia da República e que permitiu que o caso da escada de peixe no Açude-Ponte fosse discutida ao mais alto nível e que tenha resultado numa recomendação ao Governo.
"Mas não está esgotada a nossa luta em relação à construção da escada de peixe. Se for necessário, ainda que em último recurso, a confraria avançará com uma acção contra o Estado por delapidação do património piscícola", admitiu. "E não é porque está em causa a confraria, é sim porque a lampreia corre o risco de se extinguir no rio Mondego e, muito em especial, no concelho de Penacova onde este prato é confeccionado de forma muito própria", reforçou.
Mas, nem só com a lampreia se preocupa a confraria. Tratando-se de um concelho onde se cozinha muito bem, e onde há outros pratos marcados pela tradição, a confraria defende a sua divulgação como forma de cativar mais visitantes. E exemplos há muitos: o arroz de míscaros, o arroz malandro, os doces, etc.
Eduarda Macário
http://www.asbeiras.pt/?area=coimbra&numero=55983&ed=21022008
Penacova espera sete mil visitantes
O sucesso há muito tem sido uma constante no Fim-de-semana da Lampreia de Penacova. Por isso desta vez não será excepção, com a autarquia a esperar a presença de sete mil visitantes em três dias
Sete mil visitantes em três dias. Esta é a meta da Câmara Municipal de Penacova para o Fim-de-semana da Lampreia que hoje começa. Nos 13 restaurantes aderentes são, pois, esperados milhares de visitantes para comer arroz de lampreia e não só. É que o certame pretende, para além de promover um dos pratos gastronómicos de excelência do concelho, dar a conhecer as suas paisagens e o seu artesanato, funcionando como veículo de promoção cultural e turístico do concelho.
Na sua 11.ª edição, esta é, há muito, uma «iniciativa de sucesso», garante o presidente da autarquia. E atendendo aos milhares de pessoas que nesta época se deslocam ao concelho, de Norte a Sul do país, propositadamente para degustar o arroz de lampreia «podemos dizer, com alguma plenitude, que Penacova é a capital da lampreia», afirma ainda Maurício Marques.
Ícone da cozinha de Penacova, o arroz de lampreia é o prato que se tem vindo a promover, mas a ele surgem agregadas outras iguarias, como sejam os doces de origem conventual – as nevadas de Penacova e os pastéis de Lorvão – que a autarquia oferece a todos os comensais. «Este fim-de-semana permitiu também que Penacova pudesse recuperar a sua doçaria conventual», diz o autarca, lembrando que estas iguarias doces estavam «praticamente perdidas», mas hoje já há empresas e particulares a afirmarem-se na sua produção. «Em Penacova poucos eram os que conheciam o pastel de Lorvão. Muito pouca gente o sabia fazer», afirma ainda, congratulando-se de actualmente já existirem pastelarias de Penacova «e até de fora» a produzirem os doces que tiveram origem no Mosteiro de Lorvão.
Arroz do Vale do Mondego
Por outro lado, Maurício Marques destaca ainda o «empurrão» que o Fim-de-semana da Lampreia deu àquela que é hoje uma grande empresa do concelho – a Águas de Penacova – que desde a sua existência passou a ser oferta a todos os que participam no evento.
E como já tem sido hábito desde há algumas edições, o arroz carolino do Vale do Mondego volta a ser presença forte nos restaurantes aderentes, através de uma parceria estabelecida com a Associação de Agricultores do Vale do Mondego e com a Saludães. Carlos Laranjeira, presidente da associação, diz, a propósito desta parceria, que os agricultores do Vale do Mondego estarão sempre disponíveis para fornecer «o bom arroz» para um certame onde «há boa lampreia» e «bons cozinheiros».
Com uma ementa composta por produtos regionais, que vão da lampreia, ao arroz, passando pelos doces, o presidente da Câmara de Penacova sublinha o facto de Penacova oferecer «um prato genuinamente português». Um prato que, reafirma, «é genuinamente nosso».
Por estes dias a lampreia vai ser vendida a um preço especial, bem mais acessível que na restante época, sendo de 60 euros a lampreia inteira e 20 euros a dose. Cada participante é depois convidado a preencher um cupão para o sorteio de uma refeição para duas pessoas por cada restaurante e um fim-de-semana numa unidade de alojamento do concelho entre os participantes de todos os restaurantes. Para além disso, e à semelhança da última edição, a autarquia contou com a participação das crianças das escolas do concelho que, no âmbito das actividades de enriquecimento curricular, elaboraram algumas lembranças que serão oferecidas nos restaurantes.
Saberes e sabores no centro histórico
Uma mostra de produtos tradicionais vai dar, durante este fim-de-semana, uma outra dinâmica a Penacova. A festa, desta vez, faz-se não só nos restaurantes, mas um pouco por todo o centro histórico da vila, com a realização, amanhã e domingo, da “Rota Saberes & Sabores”. As barraquinhas, distribuídas entre a Pérgula Raul Lino e o Largo de São João, vão dar a conhecer o que de melhor se faz no concelho em termos de artes e ofícios de outros tempos. «Permite que todos os visitantes fiquem a conhecer todo um conjunto de produtos tradicionais», explica o vereador Pedro Carpinteiro.
A par da “Rota Saberes & Sabores” vai realizar-se também uma Feira à Moda Antiga, com uma recriação histórica do século XIX e animação garantida por alguns ranchos folclóricos do concelho. Ainda nesta zona histórica da vila, os comerciantes vão ter os seus estabelecimentos comerciais a funcionar em horário alargado, no âmbito de uma candidatura ao programa Urbcom.
Em suma, são iniciativas novas e paralelas ao Fim-de-semana da Lampreia que pretendem «dar uma outra dinâmica» ao centro histórico da vila, sublinha o vereador.
Ementa comum
A grande novidade este ano do Fim-de-semana da Lampreia reside na ementa. Não no seu conteúdo, mas no seu aspecto físico. É que a autarquia, apostada em dotar os restaurantes de cada vez melhores condições, está a introduzir pequenas melhorias a pouco e pouco. Primeiramente foi a loiça, igual em todos os restaurantes e identificativa do município; agora é a vez de todas as unidades de restauração apresentarem uma ementa igual, em tons de azul, a cor do município, e onde constam, para além dos pratos, vinhos e sobremesas de cada estabelecimento, todo um conjunto de informações, desde os pontos turísticos de maior interesse aos eventos que anualmente se realizam no concelho.
«As casas (restaurantes) foram melhorando os espaços físicos e atendimento, mas hoje precisamos de uma outra imagem para atrair mais visitantes», justifica o vereador Pedro Carpinteiro, afirmando que a nova ementa permite uma «imagem comum» em todos os restaurantes, com a informação a ser disponibilizada em português e inglês. «É uma imagem atractiva e capaz de trazer ainda mais pessoas a Penacova», afirma.
Foto: Campeão das Províncias
O Fim-de-Semana da Lampreia conta com a participação de 13 restaurantes: Boa Viagem; C.T. Serra da Atalhada; Côta; Leitão do Aires; Marisqueira Piscinas Penacova; Mondego; O Casimiro; O Cortiço; Panorâmico; Pensão Avenida; Portas da Serra; Primavera e Relvão.
A ediçao de 2008 anunciada na cidade de Coimbra.
A Câmara Municipal organiza todos os anos um fim de semana de promoção cultural e turístico virado essencialmente para a gastronomia, promovendo a lampreia.
Os meses de Fevereiro, Março e princípios de Abril fazem parte das memórias das gentes de Penacova. Durante os (quase) três meses, a lampreia chamava muitos visitantes ao concelho. Uns iam saborear o prato às mesas dos pequenos restaurantes à beira da estrada. Outros iam para comprar. E não eram poucos os que desciam até à beira do Mondego para escolher as lampreias que se mantinham vivas em caixas de madeira.
Capital da Lampreia desde 1998
Para promover a lampreia, Penacova denominou-se em 1998 "Capital da Lampreia", com a criação do fim-de-semana da Lampreia. Começou com 6 restaurantes colaboradores, neste momento conta com 9 e com cerca de 5000 visitantes. A autarquia pretende com este evento: promover a cultura e o turismo deste concelho através das suas especialidades gastronómicas; manter viva uma das especialidades gastronómicas mais conhecidas deste concelho e da região e que traz a Penacova muita gente, aliando um passeio inolvidável a sabores requintados dos pratos baseados neste saboroso ciclóstomo; alertar para o perigo de extinção desta espécie típica do rio Mondego; divulgar o artesanato do concelho e a doçaria conventual.
LAMPREIA
Família -Ciclóstomo ou Ágnata
in:
http://www.cm-penacova.pt/fimsemana_lampreia.htm
Do jornal Nova Esperança, a propósito da Confraria da Lampreia e do Fim de Semana da Lampreia:
Ressonân(s)ias
Confrades e confrarias
À semelhança do florescimento das Confrarias, ocorrido na Idade Média, assistimos hoje, no dealbar deste século XXI, a uma proliferação surpreendente de Confrarias Gastronómicas e Báquicas. Agora as suas finalidades não têm cariz profissional, religioso ou assistencial, como outrora. Hoje, a valorização dos nossos pratos tradicionais e dos nossos vinhos de qualidade são a principal razão de ser da sua existência.
Recuperando todo um conjunto de rituais, carregados de simbolismo, como os trajes, as fórmulas de juramento, a realização de capítulos, as confrarias assumem, hoje, um papel importante na dinamização das comunidades locais, atraindo pessoas de outros pontos do país e de além fronteiras, organizando encontros com componentes festivas, através de coloridos desfiles ao longo das ruas das nossas vilas e cidades, onde não faltam as varandas engalanadas com as tradicionais colchas e numeroso público a assistir, não poucas vezes, à passagem de figuras importantes da vida artística, política e até económica. Aliás, sem desprimor pelo meritório papel desta forma de associativismo, diríamos que não há confraria que se preze que não inclua figuras de renome na sua lista de confrades, nem, por outro lado, há político ou candidato a tal, que, a dado momento, não pense em se inscrever numa qualquer confraria, seja ela da Panela ao Lume ou dos Nabos e Companhia. Às finalidades de preservação do património gastronómico, as confrarias juntam, assim, fins lúdicos e de convívio.
Progressivamente, vão assumindo também um importante papel de sensibilização e de pedagogia, com o envolvimento das comunidades, investigando, ainda mais, o passado, para melhor compreender o presente e preparar o futuro deste mundo rural, futuro que poderá passar, entre outras potencialidades, pelo turismo gastronómico.
Penacova, com a sua Confraria da Lampreia, tem vindo a concretizar muitos destes objectivos, divulgando um prato, que não sendo exclusivo do nosso concelho, é confeccionado dum modo sempre especial, fruto de longos e longos anos de contacto com o Mondego e com os recursos alimentares que este, durante séculos vem oferecendo às gentes que com ele convivem.
De 23 a 25 de Fevereiro teremos, de novo, o Fim de Semana da Lampreia, assumido como importante estratégia de desenvolvimento da gastronomia e da restauração de Penacova.
Confrarias Gastronómicas e Báquicas: uma curiosa forma de associativismo que acima de tudo, entende que a qualidade e a riqueza dos nossos vinhos e das nossas receitas tradicionais merecem ser preservadas e divulgadas.
David Almeida
XI FIM-DE-SEMANA DA LAMPREIA
22, 23 e 24 de Fevereiro próximo